domingo, 24 de fevereiro de 2008

Sedes...

Árvores do Alentejo Horas mortas...
Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
Florbela Espanca
Quantas mais Florbelas,tal como a Samaritana continuam a implorar pela verdadeira " ÁGUA VIVA" para matar a sede do Amor de Deus,aquela Água que é oferecida como um dom gratuito,aquela Água que ajuda a caminhar nos calvários do Mundo...Senhor concedei a todos esse dom de a ofereceres a quem te pede,porque Tu ainda continuas sentado no "poço" à espera de muitos corações para que se aproximem e se entreguem a Ti para receberem essa graça.

1 comentário:

Rui Melgão disse...

Onde trabalho há um placard com este poema da Florbela... Muito bonito e verdadeiro, porque no fundo todos nós vivemos o desrto nas nossas vidas, porque no fundo todos nós sentimos sede e é esta sede que nos faz avançar para nos pormos em busca da fonte...